sábado, 27 de dezembro de 2014

O VESTIDO COR DE PÊSSEGO 27-12-2014



«ADELINE ESTENDEU-LHE A MÃO, HESITANTEMENTE, COM AQUELE MEDO QUE SE TEM DE TOCAR UMA CRIATURA BELA, GARBOSA E SELVAGEM,QUE NOS ESPREITA TRANQUILA E COM FALSA DOCILIDADE E NUNCA SABEMOS SE VAI NOS AMAR, OU NOS MATAR (...)»    - EXCERTO


« - Mademoiselle Boissinot – chamou, antes que ela saísse. 

Ela parou a meio caminho, intimamente agradada com o modo cortês com que ele a tratava e surpreendeu-se quando ele estendeu-lhe a mão.
Rubor. Só poderia ser rubor que se espalhava em seu rosto, quando sentiu aquele calor repentino. Ele estava lá, ao lado da janela, o sol a clarear-lhe mais os olhos e os cabelos, uma expressão suave, mas que dispensava recusas, marcando o belo rosto.
Adeline estendeu-lhe a mão hesitantemente, com aquele medo que se tem de tocar uma criatura bela, garbosa e selvagem que nos espreita tranquila e com falsa docilidade e nunca sabemos se vai nos amar , ou nos matar.
Ele segurou-a levemente não pela mão, mas pelo pulso e a trouxe até si de maneira gentil. Depois, pôs-lhe a mão entre as suas e depositou um beijo cálido e suave sobre os dedos longos.
Então o calor que ela sentia em seu rosto espalhou-se por todo o seu corpo, quando ele puxou-a ainda mais de encontro a si e encostou seu rosto no rosto de Adeline. Ela sentiu-lhe a pele suavizada e o cheiro bom de banho tomado que exalava de seu corpo. Amadeus segurou-lhe o rosto com ambas as mãos e demorou-se no beijo que deu em sua face.
- Não vejo outro modo de lhe agradecer o que fez por mim desde que cheguei… - disse ele, ainda segurando seu rosto com as duas mãos, a suas bocas quase a tocarem-se, tão próximas estavam, que Adeline pode sentir-lhe o hálito morno sobre seus próprios lábios (...)»

O VESTIDO COR DE PÊSSEGO 

R.A.Stival

Hussardos e Dragões I

Editora Planeta 2014